Maria da Glória, neta de uma mulher indígena que foi capturada na mata pelos homens brancos, chegou em Ibicoara ainda adolescente e constituiu família na comunidade do Mundo Novo. Doinha, como é conhecida por todos em sua comunidade, é uma agricultora, Mestra artesã e raizeira que realiza diversas atividades com plantas e materiais locais para produção de seus lindos artesanatos. Suas habilidades são inúmeras, são saberes trazidos de sua linhagem ancestral indígena, e outros adquiridos a partir das dificuldades e escassez do seu cotidiano. Desde o preparo de sabão medicinal, coleta de plantas medicinais nas matas, plantio de ervas, produção de xaropes, pomadas, coleta de barro para tratamento medicinal e produção de cerâmica, extração de óleos vegetais, produção de cestaria com diversos materiais.
As inúmeras habilidades da Mestra são perceptíveis aos que com ela convivem e o prazer em repassar esses ensinamentos merece ser aqui destacado. Pessoas de diferentes lugares a procuram para solicitar auxílio em seus processos de cura, aconselhamentos e aprendizagens gerais sobre seu vasto conhecimento acumulado. Porém ela diz que nunca recebeu um centavo pelos serviços prestados, e que vive com muita dificuldade da agricultura de subsistência.

Os artesanatos produzidos com folhas do olho do licuri, cipós, casca do coco, bagaço da cana, com pó de serra, folhas de palmeiras, fibra de bananeira entre outros materiais naturais, é um exemplo para a comunidade de geração de renda através dos trabalhos manuais. Os netos e crianças que a acompanham podem aprender o valor que a natureza ao redor possui. Todas as etapas desse fazer artesanal são muito detalhadas e minuciosas, exigindo muita dedicação, que vai da caminhada e coleta dos materiais, até o preparo das fibras, secagem, e finalmente o tecer manual das cestas.